Com sete chapas inscritas, PED aponta para possível segundo turno entre CNB e AVANTE na capital do Rio Grande do Sul.
O Processo de Eleição Direta (PED) é um importante instrumento de democracia interna do Partido dos Trabalhadores, por meio do qual filiados vão às urnas votar para renovar as instâncias partidárias a nível municipal, regional, estadual e nacional.
Esse processo tem como objetivo não apenas eleger presidentes, executivas, diretórios e promover a composição das chapas na disputa, mas também aprofundar a democracia e os debates em prol de um partido mais plural, representativo dos mais variados segmentos da sociedade.
Em Porto Alegre, capital dos gaúchos, com 07 chapas inscritas na disputa interna, o cenário político aponta para um possível quadro de segundo turno entre CNB e Avante.
A tendência majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) deve conquistar diretórios estaduais em 18 unidades da Federação nesse domingo (06/07). O Rio Grande do Sul é um dos estados que deve ficar de fora da hegemonia da tendência, cujo cenário aponta para possível vitória no primeiro turno e manutenção do atual grupo político que preside o partido, onde a maior liderança política é o deputado federal Paulo Pimenta. Militantes experientes, contudo, são cautelosos e não descartam eventual reviravolta.
Já a conjuntura em Porto Alegre é outra bem diferente. A Socialismo em Construção também preside o PT municipal e apoia Helenir Schurer. A sindicalista disputa o comando do partido na capital pela CNB, que, embora seja corrente minoritária no Estado, tem o apoio da força política mais expressiva no PT gaúcho.
Porém, um entrave à vitória da sindicalista é, justamente, o movimento político liderado por Maria do Rosário, segunda deputada federal do PT mais votada no Estado e candidata à prefeita na última eleição. A Avante possui dois vereadores, um deputado estadual e inúmeras lideranças, todos com base em Porto Alegre, exercendo forte influência política na disputa municipal, com potencial de levar a eleição ao segundo turno, quando deve receber apoio de outros grupos políticos.
Inobstante as críticas que surgiram após o desempenho na eleição municipal em 2024, análise de conteúdo realizada com auxílio do software francês Iramuteq, a partir de questionário aplicado aos apoiadores de Maria do Rosário, revela que a base social do movimento político liderado pela deputada se mantém coesa, estável e mobilizada.
A análise de dados revelou padrões importantes nas respostas dos apoiadores. A nuvem de palavras destacou termos como "política", "formação", "PT", "movimento", "comunicação", “debate”, “novo”, “pessoa”, “Brasil, “direito”, “grupo”, “coletivo”, “socialismo”, “espaço”, “mulher”, etc. O dendograma classificou as respostas em seis classes distintas, enquanto o plano cartesiano mostrou associações entre palavras relacionadas à "formação". Por sua vez, a análise de similitude verificou as conexões entre conceitos, com clusters centrais em torno de "formação", "política", "debate", "PT", "Maria do Rosário", "movimento", “pessoa” e “social”.
Com efeito, os resultados indicam que a maioria dos apoiadores acredita que o movimento político liderado pela deputada é o único capaz de reorganizar e promover, dentro do partido, um amplo debate sobre formação política e mobilização sintonizadas com a nova realidade social e digital.
Fundada em outubro de 2015, em uma conjuntura na qual o impeachment da Presidente Dilma Rousseff estava em curso no Brasil, a Avante nasceu comprometida com a construção do partido e sua afirmação estratégica com a luta socialista e dos movimentos sociais.
O movimento político tem Maria do Rosário e Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte como suas principais lideranças nacionais. A deputada federal foi a primeira parlamentar a enfrentar o fascismo que ganhava forma com a ascensão do bolsonarismo no país. Por sua vez, Fátima Bezerra foi deputada estadual, federal, senadora é a atual governadora do Estado potiguar.
É nesse contexto que o movimento político, com a
candidatura do sociólogo Rodrigo Campos Dilelio, pode empurrar a disputa
eleitoral em Porto Alegre para o segundo turno, quando CNB, apoiada por Socialismo
em Construção, deve enfrentar a união de outros grupos políticos internos. A
ala dominante do PT ainda deve sofrer derrotas em Mato Grosso do Sul,
Tocantins, Bahia, Rio Grande do Norte, Amazonas e Amapá. Em Mato Grosso e
Alagoas o cenário também é bastante incerto.
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