Prisão por tentativa de golpe sinaliza
o fim do ciclo histórico de impunidade e mostra a força da democracia
brasileira.
Não é um dia de celebração, mas
de reflexão. A prisão do ex-presidente da República, juntamente com militares de alta patente, sob a acusação de
tentativa de golpe de Estado, é um evento que marca profundamente a história e a
vida política do país. Contudo, longe de ser um sinal de fraqueza, este
momento representa a resiliência de uma jovem democracia que, finalmente,
aprendeu a valorizar e a defender a sua própria Constituição.
O Brasil, uma das maiores
democracias do mundo, escreve um capítulo crucial em sua história ao demonstrar
que ninguém está acima da lei. A imagem de um ex-chefe de Estado sendo
responsabilizado por ataques às instituições é pedagógica. Sinaliza o fim de um ciclo de impunidade que, por séculos, assombrou a democracia
no país.
É impossível não comparar as prisões
de hoje com a ferida mal curada do golpe militar de 1964. Enquanto a Argentina e o Chile enfrentaram seus ditadores por meio de justiças de
transição, o Brasil optou pelo silêncio, sob o compasso da Lei de Anistia, cuja consequência foi a continuação de uma mentalidade golpista em setores das forças armadas, da sociedade e do congresso nacional, que nunca foi devidamente
confrontada pela Justiça. Trata-se, portanto, de um ato de correção
histórica. É o Brasil dizendo, tardiamente, que a quartelada não é e
nunca será uma opção legítima.
A contingência da história é implacável. Enquanto presidentes como Fernando Henrique, Lula e Dilma deixaram contribuições importantes à Nação, Bolsonaro será sempre lembrado nos anais como o presidente que tentou romper com o pacto social instituído na Nova República. O caminho ainda é longo. A prisão dos golpistas não é o fim, mas um novo começo. É a reafirmação de que a Constituição Cidadã de 1988 venceu. E com ela, venceu o Brasil!


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